quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pertencer
"Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos."

Clarice Lispector

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Perdoando Deus (Conto da obra Felicidade clandestina), de Clarice Lispector
Este texto de Clarice externa, com sua peculiaridade de expressão, uma experiência interior de grande impacto.

O espaço da rua volta a se transformar em local de perigo, no qual a personagem é forçada a reconhecer sua situação de desamparo. No início da narrativa, uma mulher descreve, em primeira pessoa, a prazerosa experiência de caminhar livremente pela Zona Sul do Rio de Janeiro, vivenciando a harmonia com a paisagem urbana e a plenitude de um sentimento maternal totalizante:

Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que (...) estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. (...) Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo.

Esse pacto de comunhão e proteção ideais é rompido bruscamente quando a mulher, logo em seguida, tropeça em um rato morto, um rato ruivo morto (a escolha da cor pode ser pela aliteração, pois, em Clarice, quando ocorre o momento do “transe”, ou da percepção aguçada, a linguagem se torna densamente poética). Espanta-se: "Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, (...)". Corre espavorida. Revolta-se. E pensa em vingar-se de Deus. E aí, Deus confunde-se com a natureza: "Então era assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto."

A brutalidade da natureza é usada como metáfora de Deus. Eis, então, que ocorre um processo de auto-conhecimento, pelo reconhecimento das próprias fraquezas, limitações, e a reconciliação com Deus, mas não com o Deus perfeito, sereno e distante do início. É um processo de quitação, incondicional, portanto baseado no espírito de renúncia, sem prerrogativas, agora com uma visão mais humana de Deus (e de si mesma). Só então ocorre o amor a Deus. Assim o amor, antes interditado, pode ser dirigido e ofertado.

Confrontando-se com a sua vulnerabilidade, a mulher vive a desagregação e a desordem íntima, a que se segue a vontade de vingança contra a autoridade onipotente que a ferira com sua “grosseria”. Entretanto, a personagem vislumbra a possibilidade de transformar a dimensão trágica de seu sofrimento em sabedoria – possibilidade que já se anuncia no modo verbal presente no título do conto. E o texto termina com o reconhecimento da alteridade, do “mundo que também é rato”.

Como na maioria dos contos de Clarice, o enredo de "Perdoando Deus" é desossado, inacentuado, e quando eventualmente ocorre, é composto não de uma trama, mas de um incidente que dispara o transe psicológico, subjetivo e estético. Neste conto o que se ressalta é a função do incidente como a senha para o transe e a imersão no estado de hiper-sensibilidade poética.

Concluiu a narradora então que a sensação tão solene que tivera era falsa, estivera amando um mundo que não existe (“no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. E porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.(...) Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho da minha natureza?”)

Finalmente, ficou esclarecido na mente dela que estava querendo amar a um Deus só porque ela não se aceitava. Ela estaria amando um Deus que seria seu contraste, esse Deus seria apenas um modo de ela se acusar. “Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe”.

Estar caminhando pela praia, representa seu contato mais subjetivo com o mundo, com a natureza, de forma singela e espontânea. Deixa-se levar pelo movimento que arrebata todos os seus sentidos, provocando-lhe uma experiência inédita integralizante. Por uns momentos sente-se parte do cosmo, e nesta percepção de Unidade vive a consciência de Deus, e sente por este Ser um carinho indescritível que a envolve e consome todos os espaços de sua consciência.

Neste estado de ser, vive momentos em que se desliga de toda materialidade, experimentando a suspensão dos limites impostos por ela, e nesta expansão do todo sua relação com Deus é atípica, misto de ternura, força criadora e entrega como parte da unicidade que o simples caminhar lhe proporciona.

Ao pisar num rato morto, a personagem do texto assusta-se e reage com infantilidade, num pavor desmedido.

A figura grotesca do repugnante animal, morto, a desconecta de imediato do mundo da essência, das idéias e da emoção mais pura, colocando-a em contato direto e sem possibilidade de fuga, com a realidade concreta e factual.

A rejeição que lhe provoca tal situação é tanta que se revolta com Deus. O mesmo Deus que segundos antes lhe despertara sentimentos dos mais nobres, belos e sutis.

O que fazia algo tão deplorável em meio a tanta beleza e harmonia?

Sua primeira reação é negar Deus, rejeitá-lo, culpá-lo, ignorá-lo.

O rato tem então a função de colocá-la frente ao seu próprio julgamento, onde a idéia e o fato se entrelaçam e formam a mais concreta realidade.

Sente-se desnuda de justificativas. Não há como fugir nem disfarçar.

Percebe que ao deparar com sua própria fraqueza, essa mesma fraqueza cria a rejeição, como para se proteger. Talvez num movimento que busque culpar alguém pela desordem, pelo aspecto feio, pela falha de sua própria vida.

Num súbito impulso conclui que a sensação que experimentou é falsa. Não existia. Uma lucidez dolorosa a envolve e percebe com clareza como a felicidade, em sua plenitude, pode ser algo alienante.

Enfrenta a verdade crua, sem possibilidade dela se apartar. A ilusão deste mundo fictício embriaga e causa um torpor que a mantém afastada da realidade.

Por um tempo questiona-se sobre sua própria identidade, considerando a possibilidade de ser ela própria uma mera ilusão.

Nesse raciocínio vai delineando o provável equívoco em sua maneira de amar. E não pode fugir de uma questão vital: Como amar a essência real do mundo se não ama sua própria realidade do ser? Se não a percebe com clareza?

Ao ver-se negando uma parte de si mesma compreende a fragilidade das premissas em que baseia seu contato com a vida.

Vai conjeturando, perseguindo a lógica que lhe escapa, ate que se dá conta de que talvez, Deus seja apenas e tão somente uma criação sua; uma projeção daquilo que não aceita em si mesma.

Termina sua caminhada num silencio quase mórbido, envolto em sentimentos de tristeza e quietude, uma vez que fixa sua atenção ao movimento interior de seus pensamentos.

Conclui neste estado de espírito: “Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe”.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Parte II

Domando o Tigre !!!

A paixão encontrou em mim terreno fértil,eu tinha uma necessidade de tomar energias caprichosas nas mãos ,e dar-lhes forma e direciona-las.Descobri que qualquer energia autoritária dentro ou fora ,não seria tolerada.A frase que melhor o descreve é "o que vc vê é o que vc consegue ter" e "silêncio não agressivo" e pode ter certeza que sei bem a definição de silêncio agressivo,uma pessoa assim quando coloca açucar no café a colherinha bate com força nas bordas da xícara,durante alguns anos convivi com isso... Jesus me abana !!!Como dói !!!Bom,voltando ...o que eu queria era juntar sentimentos sutis e defini-los,e com isso dar uma direção ao meu sentimento.Mas, descobri que nenhuma tentativa deveria ser feita para alquebrar o espírito independente de nós dois. É muito difícil admitir erros,sendo os dois infalíveis. Ali seria difícil um pedido de desculpas, seria mais fácil a exaustão.Talvez a abordagem mais realista seja concordar em discordar.Um grande esforço para manter os canais de comunicação abertos(e que dificuldade rsrs) o que eu queria mesmo era avançar...mas acho que mesmo que eu jogasse no Rio Tapajós mil garrafas de SOS não seria possível...somos emocionalmente misteriosos e vivemos em um mundo de sentimentos complexos,achei que a paixão poderia se tornar uma saída para expressar isso tudo que grita dentro de mim.Essa paixão tem que ser controlada.Fiz um convite ,que foi te chamar para expressar isso.Não,foi...Talvez se aprenda a admitir fraquezas,pedir desculpas, dizer obrigado,colocar freio na insegurança e no medo (essa força que é um aço que se amarra em nós, que impede de andar ,uma armadilha,uma chave que apaga a vida,uma brecha que faz crescer a dor).Medo de pedir... de vagar sem rumo...Vencer esse medo talvez seja uma grande vitória.Jogamos o mesmo jogo (triste) e quando assim acontece o jogo não acontece,ninguém ganha, muito se perde.Finalmente, domar o tigre exige perseverança e respeito.Que eu consiga,domar a mim , e tomar a ti ( tomar emprestado o que tenho para aprender),e um dia quem sabe sejamos juntos ou não simplesmente FELIZES .

Faço da letra da música "Compasso" o meu agora...

É o que pulsa o meu sangue quente
É o que faz meu animal ser gente
É o meu compasso mais civilizado e controlado

Estou deixando o ar me respirar
Bebendo água pra lubrificar
Mirando a mente em algo producente
Meu alvo é a paz!

Vou carregar de tudo vida afora
Marcas de amor, de luto e espora
Deixo alegria e dor ao ir embora

Amo a vida a cada segundo
Pois para viver eu transformei meu mundo
Abro feliz o peito, é meu direito!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Entre o que acontece comigo e minha reação ao que acontece comigo, há um espaço. Neste espaço está minha capacidade em escolher minhas respostas e definir meu destino



"Tocar a alma de outro ser humano é andar em solo sagrado"


- Stephen Covey


De quarta a sab desta semana lá estarei eu em uma sala aprendendo tudo sobre este cara chamado Stephen Covey ,que seja bom...