terça-feira, 28 de dezembro de 2010

"O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior."
(Alfred Montapert)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Tu e eu

Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.

Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobo
eu sou mais albônico.
Tu, fão.
Eu, fônico.

És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu, ropeu.

Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu, multo.
Eu, carístico.

És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.
Eu, clidiano.

Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu, tano.
Eu, femismo.


Luis Fernando Veríssimo

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Do lado de cá - Chimarruts ( Video Clipe )

Homenagem a Oxum ok.wmv




Uma pequena homenagem a Oxum. Que Ela cubra os seus filhos com seu manto e esteja sempre à frente de suas vidas e dos seus pensamentos.
Oraieiêu, minha Mãe Oxum! Aieiêu!

Noel Rosa - Com que Roupa ?





Dá-lhe Noel Rosa

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

DIÁLOGO MATRIX

SMITH

Por que, Sr. Anderson? Por que você faz isso? Por que levantar-se? Por que se manter lutando? Você acredita que está lutando por alguma coisa? Por algo mais que sua sobrevivência? Você pode me dizer o que é? Você sabe o que é? Por liberdade? Ou verdade? Talvez paz? Sim? Não? Poderia ser por amor? Ilusões, Sr. Anderson. Caprichos da percepção. Construções temporárias de um intelecto humano fraco, tentando desesperadamente justificar uma existência sem significado ou propósito. Vidas tão artificiais quanto a própria matrix. Embora somente a mente humana poderia ter inventado algo tão insípido como o amor. Você deve ser capaz de enxergar. Você deve saber disso agora. Você não pode vencer. Não há sentido em continuar lutando. Por que Sr. Anderson? Por que? Por que você persiste?

NEO

Porque eu escolhi fazê-lo.
O HOMEM, AS VIAGENS


O homem, bicho da Terra tão pequeno

chateia-se na Terra

lugar de muita miséria e pouca diversão

faz um foguete, uma cápsula, um módulo

toca para a Lua

desce cauteloso na Lua

pisa na Lua

planta bandeirola na Lua

experimenta a Lua

coloniza a Lua

civiliza a Lua

humaniza a Lua

Lua humanizada: tão igual à Terra

o homem chateia-se na Lua

Vamos para Marte, ordena à suas máquinas.

Elas obedecem, o homem desce em Marte

pisa em Marte

experimenta

coloniza

humaniza Marte com engenho e arte

Marte humanizado, que lugar quadrado

vamos a outra parte?

Claro diz o engenho

sofisticado e dócil.

Vamos à Vênus

o homem põe o pé em Vênus,

Vê o visto, é isto?

Idem

Idem

Idem

O homem funde a cuca se não for à Júpiter

proclamar justiça com injustiça

repetir a fossa

repetir o inquieto

repetitório

Outros planetas restam para outras colônias.

o espaço todo vira Terra-a-terra.

o homem chega ao Sol ou dá uma volta

só para te ver?

Não vê que ele inventa

roupa insiderável de viver no Sol

põe o pé e:

Mas que chato é o Sol, falso touro espanhol domado.

Restam outros sistemas fora

do solar a colonizar.

ao acabarem todos

só resta ao homem

(estará equipado?)

a dificílima dangerosíssima viagem

de si mesmo a si mesmo:

por o pé no chão

do seu coração

experimentar

colonizar

civilizar

humanizar

o homem

descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas

a perene, insuspeitada alegria

de con-viver.

(Carlos Drummond de Andrade)
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector

domingo, 21 de novembro de 2010

O assalto.

Na noite de ontem ás 21 hrs. três homens fortes e bem armados entraram na minha vida sem pedir licença.Não fiquei nervosa, meu coração não acelerou ,nada senti, e hoje, tentando almoçar desabei literalmente na frente do prato de sopa de capeletti.Na mão dele uma arma encostada na minha cabeça , que interessante quando se tem uma arma não é necessário argumentos.A arma é o argumento e ponto.Logo eu, que tanto em minha vida tive que argumentar, pq sempre fui vendedora(pensei até em comprar uma tb rsrs)naquele instante o "meu" único argumento foi: levem tudo mas, não tirem de mim a ESPERANÇA.Realmente eles levaram tudo e fiquei eu (ainda bem!!!ufffaaaa!!! pra contar a história e apagar a luz , no momento certo),sem o meu CD do Jorge Aragão(estava tocando espero que tenham gostado , um samba é sempre bom para alegrar a alma) e da Maria Bethania , sem o celular onde armazeno o telefone das pessoas que carrego na minha vida , pessoas pra quem se liga em uma hora dessas para pedir socorro alguém me ajuda? Sem casa para dormir pq tb levaram a chave.Invasão completa.Mas explico melhor, a angústia ou o motivo de ter desabado somente hj foi que parei pra pensar, minha vida não vale nada,qdo vi crianças correndo pelo restaurante ,pratos caindo no chão,tudo isso é VIDA com letra maiúscula,quando pedi não me tirem a esperança ,foi pra dizer nada mais me importa ,mas me deixem aqui pq tenho sonhos ,tenho muitos banhos de mar para tomar, tenho que correr no sentido literal(um dia eu começo prometo) e no figurado,tenho que ser feliz, quero ter filhos e quero que não me tirem a coragem disto ,coragem de colocar alguém no mundo e ao menos imaginar que esta criaturinha terá uma vida um pouco mais segura, nestas horas penso que se fosse um filho meu ou qquer pessoa amada por mim ,ali no meu lugar que tivesse sido levada junto, o que é comum acontecer pq poderiam ter imaginado que o carro teria rastreador,sei lá. E a ele(a) tivesse sido feito algum mal, eu seria a pessoa mais a favor no mundo da pena de morte a mais cruel pena de morte,pq gente , quem deixou?? como pode??? pq alguém chega assim faz tudo desabar e sai como se nada tivesse acontecido ?? Dá para imaginar as mães que perderam seus filhos, maridos , irmãos ???Meu Deus quanta coragem para continuar vivendo e não pensar em fazer justiça com as próprias mãos.
Eu tenho 33 anos, trabalho há 19 anos, aturei muito desaforo, chorei, briguei , me expus, quebrei a cara ,sofri , perdi tudo ...depois recuperei,senti fome do outro lado do mundo sem ter com quem sequer conversar o máximo que roubei foi uma maça da mesa de um escritório onde eu trabalhava de faxineira. Por sorte minha o cidadão que ali naquela cadeira de escritório de Londres sentava entendeu e ,desde então , passou a me deixar algo para comer no outro dia , nós nunca nos conhecemos ,mas conseguimos nos comunicar com dignidade(nem tanta talvez ;afinal ,roubei uma maça) e respeito.Isso não me fez ter raiva do mundo ,revolta nunca senti, corri atrás ,guerriei e fui buscar o meu lugar muitos e muitos anos depois consegui realizar alguns coisas bobas talvez, outras nem tanto , e em um momento como este a gente para, pensa, revê tudo como um filme passando na cabeça,reavalia , pensa novamente e pede encarecidamente a 3 assaltantes: NÃO LEVEM A MINHA ESPERANÇA, levem tudo mas a ela deixem intacta,POR FAVOR!!!!!Tenho vida para ser vivida e bem vivida.Obrigado Srs assaltantes pelos esclarecimentos de vida que me foram deixados ontem a noite, foi bem melhor do que muitas sessões de terapia, ah e lá na terapia a minha querida psicologa sempre me chama atenção me corrige digamos ,dizendo: Ana acorda as pessoas não são boas, tu vives em um mundo lúdico demais. Pois vou continuar vivendo neste mesmo mundo , tenho que acreditar ,preciso do brilho no meu olho , da minha alegria ,preciso continuar tendo ESPERANÇA. Aliás, percebo isto ainda mais forte qdo um amigo como o Anderson larga seu churrasco , sua vida ,sua namorada e vem me socorrer.A ele meu muito Obrigado. Por ti , por mim , por vários, eu continuo tendo ESPERANÇA SIIIIIM!!!!!!!!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ser alegre (muito melhor do que ser feliz) é gostar de viver mesmo quando a vida nos castiga

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QUANDO EU era criança ou adolescente, pensava que a felicidade só chegaria quando eu fosse adulto, ou seja, autônomo, respeitado e reconhecido pelos outros como dono exclusivo do meu nariz.
Contrariando essa minha previsão, alguns adultos me diziam que eu precisava aproveitar bastante minha infância ou adolescência para ser feliz, pois, uma vez chegado à idade adulta, eu constataria que a vida era feita de obrigações, renúncias, decepções e duro labor.
Por sorte, 1) meus pais nunca disseram nada disso; eles deixaram a tarefa de articular essas inanidades a amigos, parentes ou pedagogos desavisados; 2) graças a esse silêncio dos meus pais, pude decretar o seguinte: os adultos que afirmavam que a infância era o único tempo feliz da vida deviam ser, fundamentalmente, hipócritas; 3) com isso, evitei uma depressão profunda pois, uma vez que a infância e a adolescência, que eu estava vivendo, não eram paraíso algum (nunca são), qual esperança me sobraria se eu acreditasse que a vida adulta seria fundamentalmente uma decepção?
Cheguei à conclusão de que, ao longo da vida, nossa ideia da felicidade muda: 1) quando a gente é criança ou adolescente, a felicidade é algo que será possível no futuro, na idade adulta; 2) quando a gente é adulto, a felicidade é algo que já se foi: a lembrança idealizada (e falsa) da infância e da adolescência como épocas felizes.
Em suma, a felicidade é uma quimera que seria sempre própria de uma outra época da vida -que ainda não chegou ou que já passou.
No filme de Arnaldo Jabor, "A Suprema Felicidade", que está em cartaz atualmente, o avô (extraordinário Marco Nanini) confia ao neto que a felicidade não existe e acrescenta que, na vida, é possível, no máximo, ser alegre.
Claro, concordo com o avô do filme. E há mais: para aproveitar a vida, o que importa é a alegria, muito mais do que a felicidade. Então, o que é a alegria?
Ser alegre não significa necessariamente ser brincalhão. Nada contra ter a piada pronta, mas a alegria é muito mais do que isso: ser alegre é gostar de viver mesmo quando as coisas não dão certo ou quando a vida nos castiga. É possível, aliás, ser alegre até na tristeza ou no luto, da mesma forma que, uma vez que somos obrigados a sentar à mesa diante de pratos que não são nossos preferidos ou dos quais não gostamos, é melhor saboreá-los do que tragá-los com pressa e sem mastigar. Melhor, digo, porque a riqueza da experiência compensa seu caráter eventualmente penoso.
Essa alegria, de longe preferível à felicidade, é reconhecível sobretudo no exercício da memória, quando olhamos para trás e narramos nossa vida para quem quiser ouvir ou para nós mesmos. Alguém perguntará: é reconhecível como?
Pois é, para quem consegue ser alegre, a lembrança do passado sempre tem um encanto que justifica a vida. Tento explicar melhor.
Para que nossa vida se justifique, não é preciso narrar o passado de forma que ele dê sentido à existência. Não é preciso que cada evento da vida prepare o seguinte. Tampouco é preciso que o desfecho final seja sublime (descobri a penicilina, solucionei o problema do Oriente Médio, mereci o Paraíso).
Para justificar a vida, bastam as experiências (agradáveis ou não) que a vida nos proporciona, à condição que a gente se autorize a vivê-las plenamente.
Ora, nossa alegria encanta o mundo, justamente, porque ela enxerga e nos permite sentir o que há de extraordinário na vida de cada dia, como ela é.
É óbvio que não consegui explicar o que são a alegria e o encanto da vida. Talvez eles possam apenas ser mostrados: procure-os em "Amarcord" (1973), de Federico Fellini, em "Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas" (2003), de Tim Burton ou no filme de Jabor. "A Suprema Felicidade" me comoveu por isto, por ter a sabedoria terna de quem vive com alegria e, portanto, no encantamento.
Segundo Max Weber (1864-1920), a racionalidade do mundo industrial teria acabado com o encanto do mundo. Ultimamente, bruxos, vampiros, lobisomens, deuses e espíritos andam por aí (e pelas telas de cinema); aparentemente, eles nos ajudam a reencantar o mundo.
Ótimo, mas, para reencantar o mundo, não precisamos de intervenções sobrenaturais. Para reencantar o mundo, é suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo.

(Contardo Calligaris, Folha de São Paulo)

Bola Sete- The Sun Pours Through the Darkness, Gently, Gently

Bola Sete - Mambossa

Baden Powell - Canto De Ossanha

Milton Nascimento - Bola de Meia, Bola de Gude

terça-feira, 16 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi,
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

À beira de que mar

nos encontramos já?

Corrias a apanhar

conchas à beira mar.



Eu vi-te e não te amei,

Não me amaste, também...

Então porque é que eu sei

Que à beira-mar te amei?


Dá-me as mãos. Sei bem

Que já te tive as mãos

nas minhas...

Houve alguém conosco então? E quem?



Pudera!

O coração

Conhece mais que nós

Quando virá o perdão

Ao nosso amor de então?

Fernando Pessoa
...As pessoas não se precisam, elas se completam...não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida...

Mário Quintana
Você tem experiência?

Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: "Você tem experiência?" A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos.




"Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar. Já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto. Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho·errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o·fundo da panela de arroz carreteiro. Já me cortei fazendo barba apressado. Já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrela. Já subi em árvore pra roubar fruta. Já caí da escada de bunda. Já fiz juras eternas. Já escrevi no muro da escola. Já chorei sentado no chão do banheiro.

Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado. Já me joguei na piscina sem vontade de voltar. Já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios.

Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro.Já tremi de nervoso. Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua. Já gritei de felicidade. Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade. Já deitei na grama de madrugada vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga? Me encosta à parede e grita: "Qual sua experiência?". Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência. Experiência... Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?"
O Princípio da Motivação
Por Rogerio Martins


Em recentes pesquisas e apresentações sobre motivação, uma pergunta tem
sido recorrente: o que nos motiva na vida?
Desde que iniciei meus estudos sobre motivação humana, descobri diversas
explicações, conceitos, teorias e experiências que às vezes me confundiram sobre
o verdadeiro princípio da motivação. Porém, isso me estimulou a procurar
no convívio diário com profissionais, executivos, alunos e amigos o verdadeiro
sentido do que nos motiva na vida.
De certo que não encontrei uma explicação definitiva sobre o assunto, mas percebi
uma linha de conduta comum a todas as pessoas bem-sucedidas que mantive
e mantenho contato até hoje. O traço comum de comportamento que coloco
como um dos princípios da motivação humana é a capacidade de pensar positivamente
sobre seu futuro.
O fator “visão positiva do futuro” faz com que as pessoas tragam algum significado
para suas vidas. Quando pensamos sobre nossos futuros, estamos
criando uma ponte para o sucesso. Nossas ações passam a ter um sentido à
medida que organizamos os sonhos e ambições.
É fundamental ter sonhos para que encontremos motivos em nossas vidas. O
sonho é o primeiro passo para a concretização dos objetivos. Para alguns o sonho
é casar e ter filhos, para outros é ser bem-sucedido profissionalmente, em
outros casos é ter mais tempo para si mesmo, e assim por diante.
À medida que projetamos estes sonhos em nossas mentes criamos condições
favoráveis para vivermos motivados para alcançá-los.
Em função disso, afirmo que para encontrar a motivação para o dia-a-dia é preciso
primeiramente ter sonhos, projetos sobre o futuro, uma visão clara e significativa
de onde se quer chegar ou o que se quer fazer com a própria vida. É
preciso ter um sentido maior e que faça a diferença para si mesmo.
Há um caso real que reforça essa idéia: a do psiquiatra judeu Viktor Frankl que,
preso no campo de concentração de Auschwitz, em plena Segunda Guerra
Mundial, traçou três metas ao chegar naquele local deplorável: manter-se vivo,
ajudar as pessoas com seus conhecimentos médicos e aprender alguma coisa
com aquela situação. Ele conseguiu! No livro “Em busca de sentido”, Viktor
Frankl descreve os horrores daqueles momentos quando foi quase vítima do extermínio,
mas por definir claramente seu futuro agiu diariamente motivado para
cumprir suas três metas.
No mundo corporativo, também encontramos casos semelhantes de determinação,
motivação e foco no sucesso. O exemplo mais recente é da
empresa japonesa Toyota. Há alguns anos, seus executivos traçaram a meta
de ser não somente a melhor empresa de fabricação de automóveis, mas
a maior. Esse plano está se tornando realidade porque seus funcionários,
clientes e fornecedores compartilham esse futuro. Um executivo da indústria
de autopeças contou-me, certa vez, um fato interessante sobre o relacionamento
e visão compartilhada relativos a montadoras, no qual a Toyota
foi citada. Segundo ele, quando havia algum problema no material entregue,
as montadoras costumavam chamar para uma conversa e apontar “o erro
do fornecedor”, enquanto que a Toyota chamava para a reunião abordando
“a resolução de um problema nosso”. Os profissionais da Toyota colocavam
a situação como algo a ser resolvido em conjunto e o ônus era partilhado
entre as partes. Isso fez e faz toda a diferença.
Voltando aos sonhos, é preciso ter cuidado com o tamanho deles. Algumas
vezes o sonho é tão grande que, para ser alcançado com sucesso, deve ser
dividido em pequenas partes. Caso contrário, a frustração de não atingir
aquele objetivo é um fator de desmotivação tão poderoso que poderá ocasionar
a sensação de derrota. Para se chegar à vitória é preciso pensar
nela primeiro. Vários esportistas e executivos de sucesso já apontaram que
o fator determinante de suas conquistas foi a associação de uma visão positiva
de seu futuro, com a determinação para alcançar a vitória. É preciso
sonhar e agir. Planejar e realizar. Conquistar e comemorar.
Como sabemos, a motivação é um fator intrínseco ao ser humano e influenciado
por fatores externos (pelo meio em que vivemos e pelas pessoas com
quem convivemos). Por isso, nada mais natural que o princípio da motivação
se encontre em nossos sonhos, desejos e ambições que, aliados a
um sentido de ação, tornam-se a visão de futuro que nos impulsiona a
realizar, agir, fazer, trabalhar, namorar, crescer e, enfim, viver.
Motivos não faltam; basta dar um sentido a eles.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Frase do dia.

Eu posso até estar nesta vida a passeio, mas eu passeio a sério!!!!

Dor

A dor é uma placa no caminho que diz: NÃO É POR AQUI!!!!!
A vida é perfeita!!!

sábado, 6 de novembro de 2010

Clareando.

Até onde podemos ir?
Até o limite do suportável.
Um belo dia,depois de inúmeras repetições da mesma história,a gente desiste.
Com tristeza pela perda, mas com a alegria da descoberta, diz pra si mesmo:
"Cheguei até aqui" e então...a vida muda.


MM



"A música, é um lembrete que Deus nos deixou de que existe algo além"
"A música é tudo o que nos rodeia. Tudo que você tem que fazer é ouvir".

A Lista - Oswaldo Montenegro

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Canção do dia....


Pealo de Sangue


Que mistérios trago no peito
Que tristezas trago comigo
Se meu sangue é colono, é gaúcho
Lá no pampa é que eu
encontro abrigo
O cheirinho da chuva na mata
Me peala
Me puxa prá lá
Quero só um pedaço de terra
Um ranchinho de santa-fé
Milho-verde, feijão,laranjeira
Lambari cutucando o pé
Noite alta o luzeiro alumiando
Um gaúcho sonhando de pé
Quando será
Este meu sonho
Sei que um dia será novo dia
Porém não cairá lá do céu
Quem viver saberá que é possível
Quem lutar ganhará seu quinhão
Velho Guaíba
Sei que um dia será novo dia
Brotando em teu coração
Quem viver saberá que é possível
Quem lutar ganhará seu quinhão

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Hoje


Hoje estou desatando da memória as imagens de amor.
As minhas, as nossas imagens de amor,
porque as coisas são como são:
no momento em que escrevo e no momento em que você lê,
abrimos esses arquivos de imagens geradas a partir do amor, que são
- vamos admiti-lo antes que seja tarde,
- os nossos arquivos prediletos.
Tudo o que realmente nos interessa está arquivado ali.
Na câmara escura das nossas recordações.
Imagens que vamos recolhendo vida afora.
Elas têm nome e uma história para contar, cada uma delas.
E nostalgia.

Nada mais é do que a saudade da emoção vivida,
num determinado momento que passou veloz.
Emoções e emoções e ainda tanta emoção a ser vivida!
Muito além dos indivíduos, além das particularidades.
E todas essas químicas se processando no nosso corpo,
pois há quem diga que amor nada mais é do que uma sensação provocada,
para evitar a loucura da espécie e perpetuar o predador.
Uma ilusão passageira, uma descarga de substâncias certas no sistema.
Lubrificação.
Cuidados com a máquina.

Seja lá o que for, andei tomando resoluções práticas para a existência.
Porque nunca mais nesta vida quero ter saudade de beijo.
Nunca mais a nostalgia daquele mundo de línguas
dançando balé no céu das nossas bocas.
Nunca mais!

E juro que nunca mais nesta vida quero tentar entender o amor.
Quero deixar que ele passe por mim, como um pé de vento
que sopra folhas e poeira num arranjo aprumado.
Eu fico ali, no meio do redemoinho, só achando tudo muito bom.
Depois, o amor se vai e a gente continua a tocar a existência.
Assim é que deve ser.

Nunca mais nesta vida quero gente se indo. Já está de bom tamanho.
Coração da gente vai absorvendo os golpes:
que são muitos e de todos os lados, sempre.
Com quase todo mundo é assim.
De repente, as pessoas começam a ir embora, por morte matada e morrida,
por desamor, por tristeza, por ansiedade, por medos diversos,
seu coração vai recebendo as pancadas e uma hora dá vontade de dar um berro,
sair vomitando as mágoas todas que a gente foi engolindo.

Nunca mais gente partindo sem motivo aparente,
sem dar nome aos bois ou uma denúncia vazia.
Nesta vida, nunca mais!

E nunca mais, nesta breve passagem, a palavra não dita, o gesto parado no ar,
dissolvido antes do afago. Nunca mais a dose nossa de orgulho besta,
a solidão das noites perdidas por amor desenganado, o coração parado, à espreita.
Isso, não. Quanto mais o tempo passa, mais a urgência da felicidade ilusória
e da química do bem-estar, essas coisas todas que se operam em nossos íntimos.
Nunca mais.

Nunca mais um dia atirado ao nada,
nunca mais o verbo que não se completa,
todas as palavras que não foram ditas - verdades -, todas elas,
uma após a outra, formando frases, pensamentos, sentimentos,
amor costurando o texto,
que é linha que não refuga de jeito nenhum.

Nunca mais!
O coração se magoando todo o dia,
a gente engolindo sapos e lagartos e se esquecendo
de que é capaz de mudar cada uma das histórias,
reescrever o livro das nossas vidas.
Uma hora mais cedo e a cena teria sido outra ou o que teria acontecido
se você não tivesse ido àquele lugar, àquela noite,
o universo conspirava contra nós, ou a nosso favor?

Quem é que vai nos explicar?
Ninguém. Ou alguém.


Autoria de Miguel Falabela
Era uma vez, há muito tempo, um casal feliz, Antonio e Maria, com dois filhos chamados João e Lúcia. Para entender a felicidade deles, é preciso retroceder àquele tempo.

Cada pessoa, quando nascia, ganhava um saquinho de carinhos. Sempre que uma pessoa punha a mão no saquinho podia tirar um Carinho Quente. Os Carinhos Quentes faziam as pessoas sentirem-se quentes e aconchegantes, cheias de carinho. As pessoas que não recebiam Carinhos Quentes expunham-se ao perigo de pegar doença nas costas que as fazia murchar e morrer.

Era fácil receber Carinhos Quentes. Sempre que alguém os queria, bastava pedi-los. Colocando-se a mão na sacolinha surgia um Carinho do tamanho da mão de uma criança. Ao vir à luz o Carinho se expandia e se transformava num grande Carinho Quente que podia ser colocado no ombro, na cabeça, no colo da pessoa. Então, misturava-se com a pele e a pessoa se sentia toda bem.

As pessoas viviam pedindo Carinhos Quentes umas às outras e nunca havia problemas para consegui-los, pois eram dados de graça. Por isso todos eram felizes e cheios de carinhos, na maior parte do tempo.

Um dia uma bruxa má ficou brava porque as pessoas, sendo felizes, não compravam as poções e ungüentos que ela vendia. Por ser muito esperta, a bruxa inventou um plano muito malvado. Certa manhã ela chegou perto de Antonio enquanto Maria brincava com a filha e cochichou em seu ouvido: "olha Antonio, veja os carinhos que Maria está dando à Lúcia. Se ela continuar assim vai consumir todos os carinhos e não sobrará nenhum pra você".

Antonio ficou admirado e perguntou: "Quer dizer então que não é sempre que existe um Carinho Quente na sacola?"

E a bruxa respondeu: "Eles podem se acabar e você não os ganhará mais". Dizendo isso a bruxa foi embora, montada na vassoura, gargalhando muito.

Antonio ficou preocupado e começou a reparar cada vez que Maria dava um Carinho Quente para outra pessoa, pois temia perdê-los. Então começou a se queixar que Maria, de quem gostava muito, e Antonio também parou de dar carinhos aos outros, reservando-os somente para ela.

As crianças perceberam e passaram também a economizar carinhos, pois entenderam que era errado dá-los. Todos ficaram cada vez mais mesquinhos.

As pessoas do lugar começaram a sentir-se menos quente e acarinhados e algumas chegaram a morrer por falta de Carinhos Quentes. Cada vez mais gente ia à bruxa para adquirir ungüentos e poções. Mas a bruxa não queria realmente que as pessoas morressem porque se isso ocorresse, deixariam de comprar poções e ungüentos: inventou um novo plano. Todos ganhavam um saquinho que era muito parecido com o saquinho de Carinhos, porém era frio e continha Espinhos Frios. Os Espinhos Frios faziam as pessoas sentirem-se frias e espetadas, mas evitava que murchassem.

Daí para frente, sempre que alguém dizia "Eu quero um Carinho Quente", aqueles que tinham medo de perder um suprimento, respondiam: "Não posso lhe dar um Carinho Quente, mas, se você quiser, posso dar-lhe um Espinho Frio".

A situação ficou muito complicada porque, desde a vinda da bruxa havia cada vez menos Carinhos Quentes para se achar e estes se tornaram valiosíssimos. Isto fez com que as pessoas tentassem de tudo para consegui-los.

Antes da bruxa chegar as pessoas costumavam se reunir em grupos de três, quatro, cinco sem se preocuparem com quem estava dando carinho para quem. Depois que a bruxa apareceu, as pessoas começaram a se juntar aos pares, e a reservar todos seus Carinhos Quentes exclusivamente para o parceiro. Quando se esqueciam e davam um Carinho Quente para outra pessoa, logo se sentiam culpadas. As pessoas que não conseguiam encontrar parceiros generosos precisavam trabalhar muito para obter dinheiro para comprá-los.

Outras pessoas se tornavam simpáticas e recebiam muitos Carinhos Quentes sem ter de retribuí-los. Então, passavam a vendê-los aos que precisavam deles para sobreviver. Outras pessoas, ainda, pegavam os Espinhos Frios, que eram ilimitados e de graça, cobriam-nos com cobertura branquinha e estufada, fazendo-os passar por Carinhos Quentes. Eram na verdade carinhos falsos, de plástico, que causavam novas dificuldades. Por exemplo, duas pessoas se juntavam e trocavam entre si, livremente, os seu Carinhos Plásticos. Sentiam-se bem em alguns momentos mas, logo depois sentiam-se mal. Como pensavam que estavam trocando Carinhos Quentes, ficavam confusas.

A situação, portanto, ficou muito grave.

Não faz muito tempo uma mulher especial chegou ao lugar. Ela nunca tinha ouvido falar na bruxa e não se preocupava que os Carinhos Quentes acabassem. Ela os dava de graça, mesmo quando não eram pedidos. As pessoas do lugar desaprovavam sua atitude porque essa mulher dava às suas crianças a idéia de que não deviam se preocupar com que os Carinhos Quentes terminassem, e a chamavam de Pessoa Especial.

As crianças gostavam muito da Pessoa Especial porque se sentiam bem em sua presença e passaram a dar Carinhos Quentes, sempre que tinham vontade.

Os adultos ficavam muito preocupados e decidiram impor uma lei para proteger as crianças do desperdício de seus Carinhos Quentes. A lei dizia que era crime distribuir Carinhos Quentes sem uma licença. Muitas crianças, porém, apesar da lei, continuavam a trocar Carinhos Quentes sempre que tinham vontade ou que alguém os pedia. Como existiam muitas crianças parecia que elas prosseguiram seu caminho.

Ainda não sabemos dizer o que acontecerá. As forças da lei e da ordem dos adultos forçarão as crianças a parar com sua imprudência? Os adultos se juntarão à Pessoa Especial e às crianças entenderão que sempre haverá Carinhos Quentes, tantos quantos forem necessários? Lembrar-se-ão dos dias em que os Carinhos Quentes eram inesgotáveis porque eram distribuídos livremente?

Em qual dos lados você está?

O que você pensa disso?

Do livro: A Carícia Essencial - Roberto Shinyashiki - Editora Gente
Rir é correr o risco de parecer tolo.

Chorar é correr o risco de parecer sentimental.

Estender a mão é correr o risco de envolver-se.

Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.

Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.

Amar é correr o risco de não ser correspondido.

Viver é correr o risco de morrer.

Confiar é correr o risco de decepcionar-se.

Tentar é correr o risco de fracassar.

Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é nada arriscar.

Há pessoas que não correm riscos, nada fazem, nada têm e nada são.

Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas nada conseguem, nada sentem, nada mudam e não crescem, não amam, não vivem.

Acorrentadas por suas atitudes, viram escravas e se privam da liberdade.

Somente a pessoa que corre riscos é livre!

Sêneca
O valioso tempo dos maduros


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!


Mário Pinto de Andrade
Escritor e político angolano, de nome completo Mário Coelho Pinto de Andrade.
(1928-1990)
Amai-vos...

Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor um grilhão.

Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.

Enchei a taça um do outro,
mas não bebais da mesma taça.

Dai do vosso pão um ao outro,
mas não comais do mesmo pedaço.

Cantai e dançai juntos,
e sede alegres,

mas deixai
cada um de vós estar sozinho.

Assim como as cordas da lira
são separadas e,
no entanto,
vibram na mesma harmonia.

Dai vosso coração,
mas não o confieis à guarda um do outro.

Pois somente a mão da Vida
pode conter vosso coração.

E vivei juntos,
mas não vos aconchegueis demasiadamente.

Pois as colunas do templo
erguem-se separadamente.

E o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.


Gibran Kahlil Gibran -
A Razão e a Paixão

E a sacerdotisa adiantou-se novamente e disse: "Fala-nos da razão e da paixão". E ele respondeu, dizendo: Vossa alma é freqüentemente um campo de batalha onde vossa razão e vosso juízo combatem vossa paixão e vosso apetite. Pudesse eu ser o pacificador de vossa alma, transformando a discórdia e a rivalidade entre vossos elementos em união e harmonia. Mas como poderei fazê-lo, a menos que vós mesmos sejais também pacificadores, mais ainda, enamorados de todos os vossos elementos?

Vossa razão e vossa paixão são o leme e as velas de vossa alma navegante. Se vossas velas ou vosso leme se quebram, só podereis derivar ou permanecer imóveis no meio do mar. Pois a razão, reinando sozinha, restringe todo impulso; e a paixão, deixada a si, é um fogo que arde até sua própria destruição.

Que vossa alma eleve, portanto, vossa razão à altura de vossa paixão, para que ela possa cantar, E que dirija vossa paixão a par com vossa razão, para que ela possa viver numa ressurreição cotidiana e, como a fênix, renascer das próprias cinzas.

Gostaria que tratásseis vosso juízo e vosso apetite como trataríeis dois hóspedes amados em vossa casa. Certamente não honraríeis um hóspede mais do que o outro; pois quem procura tratar melhor um dos dois, perde o amor e a confiança de ambos.

Entre as colinas, quando vos sentardes à sombra fresca dos álamos brancos, compartilhando a paz e a serenidade dos campos e dos prados distantes, então que vosso coração diga em silêncio: "Deus repousa na razão". E quando bramir a tempestade, e o vento poderoso sacudir a floresta, e o trovão e o relâmpago proclamarem a majestade do céu, então que vosso coração diga com temor e respeito: "Deus age na paixão". E já que sois um sopro na esfera de Deus e uma folha na floresta de Deus, vós também devereis descansar na razão e agir na paixão.

Gibran Khalil Gibran
Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.

Clarice Lispector

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pertencer
"Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos."

Clarice Lispector

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Perdoando Deus (Conto da obra Felicidade clandestina), de Clarice Lispector
Este texto de Clarice externa, com sua peculiaridade de expressão, uma experiência interior de grande impacto.

O espaço da rua volta a se transformar em local de perigo, no qual a personagem é forçada a reconhecer sua situação de desamparo. No início da narrativa, uma mulher descreve, em primeira pessoa, a prazerosa experiência de caminhar livremente pela Zona Sul do Rio de Janeiro, vivenciando a harmonia com a paisagem urbana e a plenitude de um sentimento maternal totalizante:

Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que (...) estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. (...) Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo.

Esse pacto de comunhão e proteção ideais é rompido bruscamente quando a mulher, logo em seguida, tropeça em um rato morto, um rato ruivo morto (a escolha da cor pode ser pela aliteração, pois, em Clarice, quando ocorre o momento do “transe”, ou da percepção aguçada, a linguagem se torna densamente poética). Espanta-se: "Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, (...)". Corre espavorida. Revolta-se. E pensa em vingar-se de Deus. E aí, Deus confunde-se com a natureza: "Então era assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto."

A brutalidade da natureza é usada como metáfora de Deus. Eis, então, que ocorre um processo de auto-conhecimento, pelo reconhecimento das próprias fraquezas, limitações, e a reconciliação com Deus, mas não com o Deus perfeito, sereno e distante do início. É um processo de quitação, incondicional, portanto baseado no espírito de renúncia, sem prerrogativas, agora com uma visão mais humana de Deus (e de si mesma). Só então ocorre o amor a Deus. Assim o amor, antes interditado, pode ser dirigido e ofertado.

Confrontando-se com a sua vulnerabilidade, a mulher vive a desagregação e a desordem íntima, a que se segue a vontade de vingança contra a autoridade onipotente que a ferira com sua “grosseria”. Entretanto, a personagem vislumbra a possibilidade de transformar a dimensão trágica de seu sofrimento em sabedoria – possibilidade que já se anuncia no modo verbal presente no título do conto. E o texto termina com o reconhecimento da alteridade, do “mundo que também é rato”.

Como na maioria dos contos de Clarice, o enredo de "Perdoando Deus" é desossado, inacentuado, e quando eventualmente ocorre, é composto não de uma trama, mas de um incidente que dispara o transe psicológico, subjetivo e estético. Neste conto o que se ressalta é a função do incidente como a senha para o transe e a imersão no estado de hiper-sensibilidade poética.

Concluiu a narradora então que a sensação tão solene que tivera era falsa, estivera amando um mundo que não existe (“no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. E porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.(...) Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho da minha natureza?”)

Finalmente, ficou esclarecido na mente dela que estava querendo amar a um Deus só porque ela não se aceitava. Ela estaria amando um Deus que seria seu contraste, esse Deus seria apenas um modo de ela se acusar. “Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe”.

Estar caminhando pela praia, representa seu contato mais subjetivo com o mundo, com a natureza, de forma singela e espontânea. Deixa-se levar pelo movimento que arrebata todos os seus sentidos, provocando-lhe uma experiência inédita integralizante. Por uns momentos sente-se parte do cosmo, e nesta percepção de Unidade vive a consciência de Deus, e sente por este Ser um carinho indescritível que a envolve e consome todos os espaços de sua consciência.

Neste estado de ser, vive momentos em que se desliga de toda materialidade, experimentando a suspensão dos limites impostos por ela, e nesta expansão do todo sua relação com Deus é atípica, misto de ternura, força criadora e entrega como parte da unicidade que o simples caminhar lhe proporciona.

Ao pisar num rato morto, a personagem do texto assusta-se e reage com infantilidade, num pavor desmedido.

A figura grotesca do repugnante animal, morto, a desconecta de imediato do mundo da essência, das idéias e da emoção mais pura, colocando-a em contato direto e sem possibilidade de fuga, com a realidade concreta e factual.

A rejeição que lhe provoca tal situação é tanta que se revolta com Deus. O mesmo Deus que segundos antes lhe despertara sentimentos dos mais nobres, belos e sutis.

O que fazia algo tão deplorável em meio a tanta beleza e harmonia?

Sua primeira reação é negar Deus, rejeitá-lo, culpá-lo, ignorá-lo.

O rato tem então a função de colocá-la frente ao seu próprio julgamento, onde a idéia e o fato se entrelaçam e formam a mais concreta realidade.

Sente-se desnuda de justificativas. Não há como fugir nem disfarçar.

Percebe que ao deparar com sua própria fraqueza, essa mesma fraqueza cria a rejeição, como para se proteger. Talvez num movimento que busque culpar alguém pela desordem, pelo aspecto feio, pela falha de sua própria vida.

Num súbito impulso conclui que a sensação que experimentou é falsa. Não existia. Uma lucidez dolorosa a envolve e percebe com clareza como a felicidade, em sua plenitude, pode ser algo alienante.

Enfrenta a verdade crua, sem possibilidade dela se apartar. A ilusão deste mundo fictício embriaga e causa um torpor que a mantém afastada da realidade.

Por um tempo questiona-se sobre sua própria identidade, considerando a possibilidade de ser ela própria uma mera ilusão.

Nesse raciocínio vai delineando o provável equívoco em sua maneira de amar. E não pode fugir de uma questão vital: Como amar a essência real do mundo se não ama sua própria realidade do ser? Se não a percebe com clareza?

Ao ver-se negando uma parte de si mesma compreende a fragilidade das premissas em que baseia seu contato com a vida.

Vai conjeturando, perseguindo a lógica que lhe escapa, ate que se dá conta de que talvez, Deus seja apenas e tão somente uma criação sua; uma projeção daquilo que não aceita em si mesma.

Termina sua caminhada num silencio quase mórbido, envolto em sentimentos de tristeza e quietude, uma vez que fixa sua atenção ao movimento interior de seus pensamentos.

Conclui neste estado de espírito: “Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe”.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Parte II

Domando o Tigre !!!

A paixão encontrou em mim terreno fértil,eu tinha uma necessidade de tomar energias caprichosas nas mãos ,e dar-lhes forma e direciona-las.Descobri que qualquer energia autoritária dentro ou fora ,não seria tolerada.A frase que melhor o descreve é "o que vc vê é o que vc consegue ter" e "silêncio não agressivo" e pode ter certeza que sei bem a definição de silêncio agressivo,uma pessoa assim quando coloca açucar no café a colherinha bate com força nas bordas da xícara,durante alguns anos convivi com isso... Jesus me abana !!!Como dói !!!Bom,voltando ...o que eu queria era juntar sentimentos sutis e defini-los,e com isso dar uma direção ao meu sentimento.Mas, descobri que nenhuma tentativa deveria ser feita para alquebrar o espírito independente de nós dois. É muito difícil admitir erros,sendo os dois infalíveis. Ali seria difícil um pedido de desculpas, seria mais fácil a exaustão.Talvez a abordagem mais realista seja concordar em discordar.Um grande esforço para manter os canais de comunicação abertos(e que dificuldade rsrs) o que eu queria mesmo era avançar...mas acho que mesmo que eu jogasse no Rio Tapajós mil garrafas de SOS não seria possível...somos emocionalmente misteriosos e vivemos em um mundo de sentimentos complexos,achei que a paixão poderia se tornar uma saída para expressar isso tudo que grita dentro de mim.Essa paixão tem que ser controlada.Fiz um convite ,que foi te chamar para expressar isso.Não,foi...Talvez se aprenda a admitir fraquezas,pedir desculpas, dizer obrigado,colocar freio na insegurança e no medo (essa força que é um aço que se amarra em nós, que impede de andar ,uma armadilha,uma chave que apaga a vida,uma brecha que faz crescer a dor).Medo de pedir... de vagar sem rumo...Vencer esse medo talvez seja uma grande vitória.Jogamos o mesmo jogo (triste) e quando assim acontece o jogo não acontece,ninguém ganha, muito se perde.Finalmente, domar o tigre exige perseverança e respeito.Que eu consiga,domar a mim , e tomar a ti ( tomar emprestado o que tenho para aprender),e um dia quem sabe sejamos juntos ou não simplesmente FELIZES .

Faço da letra da música "Compasso" o meu agora...

É o que pulsa o meu sangue quente
É o que faz meu animal ser gente
É o meu compasso mais civilizado e controlado

Estou deixando o ar me respirar
Bebendo água pra lubrificar
Mirando a mente em algo producente
Meu alvo é a paz!

Vou carregar de tudo vida afora
Marcas de amor, de luto e espora
Deixo alegria e dor ao ir embora

Amo a vida a cada segundo
Pois para viver eu transformei meu mundo
Abro feliz o peito, é meu direito!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Entre o que acontece comigo e minha reação ao que acontece comigo, há um espaço. Neste espaço está minha capacidade em escolher minhas respostas e definir meu destino



"Tocar a alma de outro ser humano é andar em solo sagrado"


- Stephen Covey


De quarta a sab desta semana lá estarei eu em uma sala aprendendo tudo sobre este cara chamado Stephen Covey ,que seja bom...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Quando o próprio amor vacila

Adoro cortinas
Que se abrem
Adoro o silêncio
Antes do grito
Adoro o infinito
De um momento rápido
O instrumento gasto
O ator aflito
O coração na boca
Antes da palavra louca
Que eu não digo
Adoro te imaginar
Mesmo sem ter te visto
Adoro os detalhes
Olhares, atalhos
Botões
Adoro as pausas
Entre as cancoes
Soluções da natureza
Riquezas da criação


Coração Na Boca
Zélia Duncan
Já não procuro a palavra exata

que me pudesse explicar:

ando pelos contornos onde todos os significados

são sutís,

são mortais.

Não busco prender o momento belo:
quero vivê-lo sempre mais com a intensidade que exige a vida,
com o desgarramento do salto e da fulguração.
E me corto ao meio e me solto de mim,duplo coração:
a que vive,
a que narra,
a que se debate
e a que voa-
- na loucura que redime
da lucidez


(Lya Luft)

domingo, 26 de setembro de 2010

Sabedoria do Mundo

Não fiques em terreno plano.
Não subas muito alto.
O mais belo olhar sobre o mundo
Está a meia encosta.

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

Paraíba.

Bucólica e carismática, João Pessoa, capital da Paraíba, cresce a cada ano como um dos fortes centros turísticos do Nordeste. Conhecida por várias denominações como “Segunda cidade mais verde do mundo”, “A terra do sol madrugador” e “Terceira cidade mais antiga do Brasil”, a que melhor expressa João Pessoa é “Onde o Sol brilha primeiro”. Ela está situada no ponto mais extremo das Américas, a Ponta do Seixas, onde fica o Farol do Cabo Branco, local mais próximo do continente africano. Por esse motivo é em João Pessoa onde o Sol brilha primeiro todas as manhãs no Brasil. A Ponta do Seixas é o único ponto extremo brasileiro que é, ao mesmo tempo, extremo do país e do continente americano.

João Pessoa foi fundada às margens do Rio Sanhauá já com o status de cidade, e não de vila, em 5 de agosto de 1585, com o nome de Nossa Senhora das Neves, santa do dia em que a cidade nasceu. Durante os anos, ela recebeu diversos nomes: Filipéia de Nossa Senhora das Neves, em 1588, em homenagem ao rei Filipe II da Espanha; Frederikstadt, em 1634, durante a ocupação holandesa no Brasil; novamente Nossa Senhora das Neves, com a reconquista dos portugueses em 1654; Parahyba do Norte, em 1817, e, por fim, João Pessoa, em 1930.

O seu nome atual é em homenagem ao então governador paraibano João Pessoa, assassinado em 1930 quando concorria como candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas. O ato é considerado por alguns o motivo para o início da Revolução de 30, mas ainda hoje não se sabe se houve algum tipo de conotação política no assassinato.

Durante o século XX, João Pessoa perdeu importância econômica para Campina Grande, segunda maior cidade em população do estado da Paraíba. Com a sua economia praticamente estagnada na primeira metade do século, a capital paraibana foi até os anos 60 uma capital administrativa, com Campina Grande como o principal pólo industrial e comercial do estado. A partir dos anos 60, João Pessoa ganhou novas indústrias devido a investimentos privados e dos governos Estadual e Federal, e assim ela reafirmou a sua posição como principal cidade da Paraíba em termos econômicos.

Uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2007 mostrou que a cidade possui aproximadamente 675 mil habitantes divididos em 64 bairros, sendo que o maior deles, Mangabeira, tem aproximadamente 100 mil. O clima da cidade é quente e úmido com uma temperatura média de 26ºC. Em novembro, mês das Olimpíadas Escolares, a temperatura deve oscilar entre 23ºC e 29ºC, sem muitas chuvas.

O pessoense tem a preocupação de preservar a natureza, com mais de 7m² de floresta por habitante. Por causa dessa preocupação ecológica, a cidade recebeu no evento ECO-92 o título de “segunda cidade mais verde do mundo”, ficando atrás somente de Paris.

Atualmente, a região Nordeste do Brasil não adota o horário de verão, portanto os moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país devem atrasar o relógio em uma hora quando forem visitar João Pessoa.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

♪ Eu sei que atrás deste universo de aparências
das diferenças todas a esperança é preservada
nas xícaras sujas de ontem o café de cada manhã é servido
mas existe uma palavra que eu não suporto ouvir
e dela não me conformo
eu acredito em tudo, mas eu quero você agora
eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes
pelas tuas loucuras todas, minha vida
eu amo as tuas mãos mesmo que por causa delas eu não saiba o que fazer das minhas
amo teu jogo triste
as tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo
eu amo a tua alegria
mesmo e fora de si eu te amo pela tua essência
até pelo que você podia ter sido
se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas águas do equívoco
eu te amo nas horas infernais e na vida sem tempo
quando sozinha eu bordo mais uma toalha de fim de semana
eu te amo pelas crianças e futuras rugas
eu te amo pelas tuas ilusões perdidas e pelos teus sonhos inúteis
amo teu sistema de vida e morte
eu te amo pelo que se repete e que nunca é igual
eu te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras
eu te amo desde os teus pés até o que te escapa
eu te amo de alma para alma
e mais que as palavras
ainda que seja através delas que eu me defenda quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis quando o próprio amor vacila. ♪

- Maria Betânia

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Este eu dedico... rsrs

O mistério te assusta ou te fascina?

- Como é tolo alguém que olha para o horizonte no insensato desejo de penetrar no vazio. (pensamento)
- A música e o nada possuem o poder de te mandarem para dentro; suave deleite. (pensamento)
Sempre há um momento em que alguém te diz algo que suspende aquele instante e te abre a uma nova perspectiva. O que acontece depois disso? Bom, você vai mais fundo.

- Você dá muitas voltas antes de falar o que realmente quer.
- Faço isso?
Não há nada de errado com a objetividade. Concordo. Mas não se aplica a tudo e não explica tudo. Olho no espelho e vejo nos meus olhos coisa demais, umas me encantam, outras me dão medo. Estamos constantemente buscando fora aquilo que nos faça entender um pouco do que já há dentro. Pedaços de um quebra-cabeça gigante que cria o caos mais organizado possível.

-Você é muito misteriosa.
- Para te fazer chegar mais perto. Vem aqui?*
(*na rede)
Gosto de pensar que o mistério é revelador e nesse caso entendo porque há sempre aqueles que preferem manter uma relação mais diplomática. Sabe aquele rabisco despretensioso no início que depois toma a cena e toma forma? È aquela observação descuidada que prende sua atenção e te revela o que você ainda não havia percebido.

- Tá fazendo o que?
- Escutando música, quer ouvir?

O fato é que há sempre o que buscar nas próprias marcas de pegadas e em outras. O mistério acaba sendo o jogo do descobrimento de si mesmo ou de outros. Caso receba um convite não espere que venha especificado hora e local. Essa não é uma daquelas portas onde se toca a campainha para entrar, mas sim aquelas que abrem ao se aproximar.


E.M.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

"Venham até a borda ,ele disse.
Eles disseram :
Nós temos medo.
Venham até a borda,ele insistiu.
Eles foram.
Ele os empurrou...
Eles voaram."
"Não saio muito bem em fotografias
Porque meu melhor lado
a foto não pega,
não me faz bela
ou me faz juz.
Porque meu melhor lado
não é o esquerdo.
nem o direito.
É o de dentro"
A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar
para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há
nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão e olha devagar para
elas.


FP

domingo, 22 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Parte I

Foi...

Foi carnaval, foi água morna (no sentido real e figurado);
Foi tudo que podia ter sido e não foi
Foi Pirangi, foi cartola, foi mar ...
Foi uma vontade...
Foi um silêncio, a dois ;
Foi e , deixou a vaga impressão de ter ficado
Foi uma paixão querendo ser ...
Foi o melhor, foi o que nos permitimos ser naquele exato momento, Que foi!!!!
Tenta esquecer-me

Tenta esquecer-me...
Ser lembrado é como evocar
Um fantasma... Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui, um rio que vai fluindo...
Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
Me recamarei de estrelas como um manto real,
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão a mim as crianças banhar-se...
Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...
Toda a tristeza dos rios
É não poder parar!

Mário Quintana
"Mas onde já se ouviu falar num amor á distância,
Num teleamor ?!
Num amor de longe…
Eu sonho é um amor pertinho…
E depois
Esse calor humano é uma coisa que todos - até os executivos têm
É algo que acaba se perdendo no ar
No vento
No frio que agora faz…
Escuta!
O que eu quero
O que eu amo
O que eu desejo em ti
È teu calor animal… "

Mário Quintana
[Quem Sabe um Dia]

Quem Sabe um Dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!

Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!

Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!

Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

Mário Quintana

domingo, 15 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

sábado, 7 de agosto de 2010

Para minha irmã amada Giovana.

As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém… Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto… e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!

Exupery
Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de , não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.

Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal – a alegria é uma fatalidade – já a tomou, embora nem lhe ocorrera sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta, mesmo sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda- e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.

O caminho lento aumenta as coragens secretas. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda.

Clarice Lispector
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector
…Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada.
Eu sei,não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Telvez este seja o ponto. Talvez eu Não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu patio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória,sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
Não era amor,era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo.
NÃO ERA AMOR, ERA MELHOR”

Martha Medeiros em Divã
Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra.

Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.

Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda.

Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima.

Você é aquilo que reinvidica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia.

Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.

Martha Medeiros
Saudade eu tenho do que não nos coube. Lamento apenas o desconhecimento daquilo que não deu tempo de repartir, você não saboreou meu suor, eu não lhe provei as lágrimas. É no líquido que somos desvendados. No gosto das coisas o amor se reconhece. O meu pior e o seu melhor, ficaram sem ser apresentados.

Martha Medeiros.

(Cartas Extraviadas)

domingo, 1 de agosto de 2010

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mario Quintana
PRESENÇA

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Mario Quintana
A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

Mario Quintana - A verdadeira cor do invisível
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Mario Quintana ( In: Esconderijo do tempo)
POEMINHA SENTIMENTAL

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.

Mario Quintana

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O sentido da vida .


Não é nenhuma novidade que dinheiro, viagens, status, beleza e outras coisinhas mundanas são sonhos de consumo de muita gente, mas não dão sentido à vida de ninguém. A única coisa que justifica nossa existência são as relações que a gente constrói. Só os afetos é que compensam a gente percorrer uma vida inteira sem saber de onde viemos e para onde vamos. Diante da pergunta enigmática - por que estamos aqui? - só nos consola uma resposta: para dar e receber abraços, apoio, cumplicidade, para nos reconhecermos um no outro, para repartir nossas angústias, sonhos, delírios. Para amar, resumindo.

Piegas? Depende de como essa história é contada. Se for através de um filme inteligente, sarcástico, tragicômico como Invasões Bárbaras, o piegas passa à condição de arte. O filme é uma espécie de continuação de O Declínio do Império Americano. Naquele, um grupo de amigos se encontrava numa casa à beira de um lago e discutia sobre vida, morte, sexo, política, filosofia. Em Invasões Bárbaras, estes mesmos amigos, quase 20 anos depois, se reencontram por causa da doença de um deles, que está com os dias contados. Descobrem que muitos dos seus ideais não vingaram, que muita coisa não saiu como o planejado, só o que sobrou mesmo foi a amizade entre eles. E a gente se pergunta: há algo mais nesta vida pra sobrar? Quando chegar a nossa hora, o que realmente terá valido a pena? Os rostos, risadas, mulheres, decotes, pernas, beijos, confidências e olhares que nos fizeram felizes por variados instantes de sexo, que não preenchiam o vazio da alma.
Mas, Pais e filhos, maridos e esposas, amigos: são eles que sustentam a nossa aparente normalidade, são eles que estimulam a nossa funcionalidade social. Se não for por eles, se não houver um passado e um presente para com eles compartilhar, com que identidade continuaremos em frente, que história teremos para carregar, quem testemunhará que aqui estivemos? Só quem nos conhece a fundo pode compreender o que nos revira por dentro, qual foi o trajeto percorrido para chegarmos neste exato ponto em que estamos, neste estágio de assombro ou alegria ou desespero ou seja lá em que pé estão as coisas pra você. Se não nos decifraram, se não permitimos que aplicassem um raio x na gente, então não existimos, o sentido da vida foi nenhum.

Todas as pessoas querem deixar alguns vestígios para a posteridade. Deixar alguma marca. É a velha história do livro, do filho e da árvore, o trio que supostamente nos imortaliza. Filhos somem no mundo, árvores são cortadas, livros mofam em sebos. A única coisa que nos imortaliza - mesmo - é a memória daqueles que nos amaram e foram fiéis.

Martha Medeiros
Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade - emocionalmente. Nudez pode ter um significado diferente. Muito mais intenso é assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história. É erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente. Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias-verdades, sem esconder seus pequenos defeitos - aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas, e não bonecas de porcelana. Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em quem sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais.
Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expôr nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior. Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro.
Não conheço strip-tease mais sedutor.

Texto de Martha Medeiros

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Eu amo tudo o que foi

EU AMO TUDO o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.


Fernando Pessoa
O meu coração quebrou-se


O meu coração quebrou-se
Como um bocado de vidro
Quis viver e enganou-se...
Basta Pensar em Sentir

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir.

Fernando Pessoa
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


FP
Não me mostre o que esperam de mim porque vou seguir meu coração, não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual porque sinceramente sou diferente........ Não copie uma pessoa ideal, copie a você mesma........ O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo.

Claro, Clarice, claríssimo, ser o que se é porque cada um é um e temos de nos somar e não nos copiar.

Os todos poderosos homens de hoje, para o bem e para o mal, como diz Clarice Lispector, não vivem, existem. Vivem apenas um carnaval de vaidades, teres e poderes, usando as fímbrias de suas existências cambaleantes, controladas por comprimidos e sedentas por paz e alegria genuína.
O Haver

Vinicius de Moraes


Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.
Ninguém pode construir em teu lugar
as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida
ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos sem números,
e pontes, e semideuses que se oferecerão
para levar-te além do rio;
mas isso te custaria a tua própria pessoa;
tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho
por onde só tu podes passar.

Onde leva? Não perguntes, segue-o.

- Nietzsche -
A Minha Felicidade

Depois de estar cansado de procurar
Aprendi a encontrar.
Depois de um vento me ter feito frente
Navego com todos os ventos.

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

terça-feira, 20 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Jorge Drexler - Todo se transforma





Nada se perde, tudo se transforma!!!!
Lá vou eu comprar meu ingresso...Sab. em Poa,muuuito bom!!!


Tua boca vermelha na minha,
A taça que gira em minha mão,
E enquanto o vinho caia
Soube que de algum distante
Canto de outra galáxia,
O amor que me daria,
Transformado, voltaria
Um dia a agradecer-te.


Cada um dá o que recebe
E logo recebe o que dá,
Nada é mais simples,
Não há outra norma:
Nada se perde,
Tudo se transforma.
eu durmo comigo


eu durmo comigo/ de bruços deitada eu durmo comigo/ virada pra direita eu durmo comigo/ eu durmo comigo abraçada comigo/ não há noite tão longa em que não durma comigo/ como um trovador agarrado ao alaúde eu durmo comigo/ eu durmo comigo debaixo da noite estrelada/ eu durmo comigo enquanto os outros fazem aniversário/ eu durmo comigo às vezes de óculos/ e mesmo no escuro sei que estou dormindo comigo/ e quem quiser dormir comigo vai ter que dormir ao lado.


Da minha vizinha que..."dá nó em cola de cachorro"
Angelica Freitas
"Força-te, força-te à vontade e violenta-te, alma minha; mais tarde, porém, já não terás tempo para te assumires e respeitares. Porque de uma vida apenas, uma única, dispõe o homem. E se para ti esta já quase se esgotou, nela não soubeste ter por ti respeito, tendo agido como se a tua felicidade fosse a dos outros... Aqueles, porém, que não atendem com atenção aos impulsos da própria alma são necessariamente infelizes."


Marco Aurélio

Morena Branca - Gilese De Santi

Cada um de nós é vários, é muitos ,é uma prolixidade de si mesmo.Por isso aquele que despreza o ambiente não é o mesmo que dele se alegra ou padece.Na vasta colônia do nosso ser há gente de muitas espécies,pensando e sentindo diferentemente.

Fernando Pessoa ,Livro do desassossego,anotações de 30/12/1932
Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem – pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela – apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. O seu focinho é húmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que o cavalo não tem nome. Basta chama-lo e acerta-se logo com o nome. Ou não se acerta, mas uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: as pessoas enganam-se e pensam que são elas mesmas que estão a relinchar de prazer ou de cólera, as pessoas assustam-se com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez.

Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector
"Não me importa saber como você ganha a vida.
Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em
satisfazer seus anseios do seu coração.

Não me interessa saber sua idade.
Quero saber se você correria o risco de parecer tolo por amor,
pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo.

Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua.
O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua própria tristeza,
se as traições da vida o enriqueceram
ou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor.
Quero saber se você consegue conviver com a dor,
a minha ou a sua, sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la.

Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria,
a minha ou a sua, de dançar com total abandono
e deixar o êxtase penetrar até a ponta dos seus dedos,
sem nos advertir que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas,
que nos lembremos das limitações da condição humana.

Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira.
Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesmo.
Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma,
ou ser infiel e, mesmo assim, ser digno de confiança.

Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia,
ainda que ela não seja bonita,
e fazer dela a fonte da sua vida.

Quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu,
e ainda assim pôr-se de pé na beira do lago
e gritar para o reflexo prateado da lua cheia: "Sim!"

Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem.
Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero,
exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito
para alimentar seus filhos.

Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui.
Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo sem recuar.

Não me interessa onde, o que ou com quem estudou.
Quero saber o que o sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorona.

Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesmo e se
nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia."

(Oriah Mountain Dreamer, em O Convite)